19 janeiro 2007

Crianças do Século XXI


O Monte-A.C.E. em parceria com o Município de Arraiolos, Agrupamento de Escolas de Arraiolos, Segurança Social e Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro e outros parceiros do projecto "ParticipAR - Inovação para a Inclusão em Arraiolos" apoiado pelo PROGRIDE organizou no dia 6 de dezembro em Arraiolos, um Seminário denominado "Crianças do Século XXI: Novos Cidadãos?".

O Seminário dividiu-se em três painéis. O primeiro teve as seguintes comunicações: "A experiência da CPCJ a nível da intervenção inter-institucional em situações de risco/perigo" apresentada pela Dr.ª Teresa Aleluia Reis; "A experiência da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz em situações de risco" pelo Dr. Nuno Rosmaninho e finalmente, a "Intervenção Familiar em contexto de Centro de Apoio Familiar e Apoio Parental" pela Dr.ª Dora Pereira.
No segundo painel, assistimos às seguintes comunicações "Abusos e maus tratos infantis: como pensar uma intervenção articulada" pela Dr.ª Alice Cabral; "Protecção Penal: Crimes de Maus Tratos e Abuso sexual" apresentado pela Dr.ª Aurora Rodrigues; "Projecto PreservAmigo: Uma estratégia de Intervenção pelos Pares" comunicação de Dr.ª Sara Nasi Pereira.
Finalmente, o terceiro painel teve as seguintes comunicações: "A Criança e a Infância do(s) nosso(s) Mundo(s)" pela Dr.ª Rosalina Costa; "O projecto de Intervenção precoce de Arraiolos" pela Dr.ª Elisabete Correia e pelo Dr. Nuno Silva e finalmente, o "Núcleo de Apoio à Família e Comunidade de Arraiolos: experiência de uma estratégia de acção integrada e articulada de serviços existentes na Comunidade" apresentada pela Dr.ª Ana Cardoso.

De entre as principais conclusões do Seminário, destacou-se a necessidade de criar uma Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco em Arraiolos. As Escolas têm um papel vital na denúncia de casos potenciais de perigo e risco, a denúncia é uma forma de cidadania e um dever dos cidadãos. Há necessidade de intervir o mais cedo possível em situações de risco e perigo; envolver as famílias e manter as crianças com estas; intervenção articulada entre as instituições. É essencial todo o trabalho a montante, isto é, detectar problemas de violência doméstica, trabalhar as competências parentais com famílias e melhorar a intervenção inter-institucional.

A institucionalização das crianças deverá ser o fim da linha, porém, quando essa for a medida correcta, os modelos devem ser inovadores e adequados, como o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz. Neste Lar, o modelo de intervenção passa por quatro fases: fase de colocação na instituição; fase de acompanhamento; fase de preparação e fase de avaliação. Este Lar é pensado como uma casa normal para facilitar a integração das crianças e jovens.

Na opinião de Dora Pereira, à semelhança do que acontece no Centro de Apoio Familiar e Apoio Parental, as principais características para uma intervenção eficaz são: ser centrada na família; desenvolver estratégias de prevenção e tratamento precoce; ter consciência que as famílias e crianças evoluem ao longo do tempo; procurar a integração de pessoas na comunidade e acentuar ligações entre pais e filhos em espaços da comunidade; organizado como um contínuo de serviços; coordenada e planificada e finalmente, sustentada em formação.

O planeamento e as Redes Sociais locais são importantes para articular trabalho e rentabilizar recursos. É fundamental centrar a intervenção inter-institucional nas necessidades das crianças e famílias. Os maus tratos não acontecem apenas nas famílias pobres. Em 83% dos casos, os agressores vivem com as vítimas e 65% dos agressores são o próprio pai ou mãe.

Foi apresentado pela Associação para o Planeamento Familiar do Alentejo o projecto "Preservamigo". Este envolve jovens para a Educação pelos Pares, isto é, processo em que a aprendizagem dentro do grupo é facilitada por um dos membros desse grupo. É utilizada em estratégias de prevenção do tabagismo, droga, álcool, violência, saúde sexual e comportamentos de risco associados ao VIH/SIDA e outras IST's.

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