A sessão de abertura esteve a cargo do Prof. Dr. Eduardo Figueira, Presidente do Conselho da Administração do Monte – A.C.E., do Presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Jerónimo Lóios e da Directora Regional da A.P.F. Alentejo, a Dra Fátima Breia.
A Dra. Alice Frade, (responsável pelo Departamento de Advocacy e Cooperação para o Desenvolvimento na Associação de Planeamento da Família), contextualizou a Campanha do Roteiro 3456 no âmbito dos ODM, fazendo referência aos compromissos assumidos pelos estados membros das Nações Unidas relativamente aos 4º, 5º e 6º ODM bem como à Resolução 71/2010 que recomenda ao governo que reafirme o seu compromisso no sentido do cumprimento dos 4º e 5º ODM. Salientou ainda a importância de garantir o acesso universal à Saúde Sexual e Reprodutiva e aos direitos nesta matéria para a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
De seguida a Dra. Carolina Estróia (Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento), apresentou a missão da Cooperação Portuguesa para a concretização dos ODM num contexto internacional, focando a sua contribuição para a realização de um mundo melhor e mais estável, muito em particular nos países lusófonos, bem como o papel do IPAD, enquanto um organismo central da administração pública portuguesa, responsável pela supervisão, direcção e coordenação da política de cooperação. Salientaram-se ainda as vias de operacionalização da Cooperação Portuguesa no contexto dos ODM – a nível bilateral e multilateral. Mas o ponto que gerou alguma discussão por parte dos participantes do seminário ocorreu após a apresentação dos resultados não alcançados por Portugal no que respeita à contribuição com 0,7% do Rendimento Nacional Bruto (RNB) (até 2015) para a Ajuda Pública ao Desenvolvimento, no contexto de uma parceria global de desenvolvimento (8º ODM). Esta meta visa o apoio às necessidades especiais dos países em vias de desenvolvimento, como são os países lusófonos. Em 2009, a seis anos de terminar o prazo para a concretização do objectivo de contribuir com 0,7% do RNB para a APD, Portugal contribuía com apenas 0,23%. Os motivos apresentados para este incumprimento são sustentados pela crise económica, pelo controle do défice público e restrição orçamental com vista ao cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento Económico, assim como o facto de não constituir prioridade política (opinião pública e parlamentares não exercem pressão no sentido de aumentar a APD).
Este aspecto mereceu uma atenção redobrada por parte das associações juvenis, de alunos, de docentes, de técnicos superiores de algumas autarquias e das juventudes partidárias, que reforçaram a importância de concretizar este compromisso assumido por Portugal, e consequentemente, por cada um dos que se encontrava presentes na sala do seminário.
A Dra. Mónica Dias (Associação Portuguesa das Nações Unidas), reforçou a necessidade de se pensar global mas de se agir localmente, de instigar a participação activa dos autarcas, dos directores técnicos de associações, de centros de saúde para a implementação de estratégias que visem o cumprimento dos ODM 4,5 e 6.
O painel encerrou com a apresentação da Dra. Maria Sacchetti (Plataforma Portuguesa das O.N.G.D.), esta aprofundou o papel das ONGD's, nomeadamente a elaboração e implementação do programas que se enquadrem nos ODM's, a avaliação do custo/beneficio dos programas, sua exequibilidade e sustentabilidade, e por último, o enquadramento dos programas nas políticas nacionais tendo em consideração as normas internacionais e relação com parceiros.
A Dra Inês Campos (Objectivo 2015), apresentou o filme: “The Girl Effect: The Clock is Ticking” sobre a importância da mulher nas economias mundiais e de como o investimento na sua educação e saúde poderão ser chaves para a redução da pobreza.
A Dra. Marta Alter (Monte - A.C.E.), por sua vez, apresentou o Projecto "Mirabal – Mulheres sem Medo" financiado pelo Eixo 7 - Igualdade de Género do P.O.P.H., enquanto um exemplo de boas práticas na comunidade arraiolense na promoção da Igualdade de Género, da prevenção da Violência Doméstica e/ou no Namoro. Apresentaram-se as estratégias e actividades que foram sendo realizadas no Projecto para a consecução dos objectivos supramencionados, bem como o número de pessoas que cada uma das acções visadas abrangeu.
Um desafio lançado pela A.P.F. Alentejo e pelo Monte - A.C.E. que foi conquistado com sucesso graças à participação activa de todos aqueles que a este evento se associaram, dizendo Não à Indiferença e envolvendo-se no debate do compromisso que foi assumido no fundo por cada um de nós. Fica a impressão de que este foi um pequeno passo para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.